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Extraindo valor da IA no setor bancário

Muito já foi falado sobre o poder da Inteligência Artificial (IA), incluindo a IA generativa (GenIA), para transformar o setor bancário

por Marcos Pinotti, diretor de engajamento da Kron Digital

Muito já foi falado sobre o poder da Inteligência Artificial (IA), incluindo a IA generativa (GenIA), para transformar o setor bancário. Além de inaugurar a próxima onda de automação, a tecnologia promete tornar os bancos mais inteligentes, eficientes e capazes de alcançar um desempenho financeiro mais sólido.

O cenário atual apresenta desafios significativos para o setor bancário global, como a estagnação da produtividade de mão de obra e a crescente pressão competitiva de players não tradicionais. Fintechs, neobanks e empresas de tecnologia financeira têm revolucionado o mercado com soluções inovadoras, forçando instituições tradicionais a repensar suas estratégias operacionais.

Em resposta à desaceleração do crescimento de receitas, as instituições financeiras necessitam otimizar suas estruturas de custos. A IA surge como elemento-chave nesta equação, potencializando a produtividade através da automação inteligente de processos operacionais e decisórios.

Dados da pesquisa CFO Survey da Deloitte realizada este ano revela que 74% das empresas nas áreas financeiras do país pretendem adotar GenAI em suas operações. Dentre as atividades mais citadas para o uso atual e futuro foram tarefas rotineiras e repetitivas (80%), planejamento e análise financeira (60%), serviços transacionais (48%) e serviços compartilhados (25%).

A mais recente Pesquisa Global da McKinsey sobre IA revela que as organizações estão começando a adotar medidas que impulsionam o impacto nos resultados financeiros, redesenhando fluxos de trabalho à medida que implementam GenAI e colocando líderes em funções críticas, como supervisionar a governança da IA.

Impactos no setor

Se você, como líder ou estrategista no setor, ainda pensa em IA primariamente como uma ferramenta para ganhos incrementais ou como um diferencial competitivo pontual, preciso ser direto, estamos desalinhados na visão de futuro. A IA já transcendeu essa fase e não é mais um "nice to have" ou um projeto isolado de inovação, pelo contrário, está se tornando rapidamente a infraestrutura cognitiva fundamental dos bancos mais avançados. O impacto verdadeiramente sísmico não está nos chatbots que respondem a perguntas frequentes ou na automação de processos de back-office. A disrupção real, aquela que redefine vencedores e perdedores, acontece de forma mais silenciosa e estrutural.

Como modelos de risco que não são apenas periodicamente atualizados, mas que se autoajustam e se reescrevem em tempo real, aprendendo continuamente com cada nova informação, cada transação, cada sinal, por mais sutil que seja. Sistemas de detecção de fraude com latência próxima de zero, capazes de identificar além de padrões conhecidos, antecipar novas táticas fraudulentas antes que causem dano em larga escala. Decisões de investimento e alocação de capital profundamente moldadas por algoritmos complexos, que processam e correlacionam um volume de variáveis que simplesmente excede a capacidade humana de análise tradicional.

A questão crucial deixou de ser em como podemos usar IA para quais paradigmas estamos dispostos a reimaginar e, em parte, delegar à inteligência algorítmica, com a devida supervisão e governança humana. Instituições que hesitam em integrar a IA no cerne de suas decisões estratégicas e operacionais estão deixando de ganhar eficiência e acumulando riscos – operacionais, de conformidade e, fundamentalmente, estratégicos.

Como aproveitar o verdadeiro valor da IA

O potencial da IA vai além da sofisticação da tecnologia em si, mas na coragem organizacional de usá-la para redesenhar processos centrais e modelos de negócio de forma fundamental. Muitos bancos implementam IA na periferia e melhoram o atendimento, otimizam uma análise de dados e refinam um scoring. São ganhos válidos, mas incrementais. Poucos, no entanto, demonstram a audácia necessária para reescrever sua arquitetura de decisão com base em aprendizado de máquina de forma contínua, escalável e auditável.

O desafio, não é primariamente técnico, pois os algoritmos estão disponíveis e a capacidade computacional é acessível. O gargalo é cultural, político e estrutural. Para extrair o valor transformador da IA, os bancos precisam de um compromisso muito mais profundo.

Um dos passos cruciais nesse processo é a reconstrução dos processos organizacionais em torno da IA, abandonando a abordagem de simplesmente "encaixar" essa tecnologia nos sistemas legados existentes. Essa reestruturação deve ser baseada em um pensamento orientado pelos primeiros princípios, permitindo que os bancos redesenhem seus serviços e operações de maneira a maximizar o potencial da IA. Além disso, é fundamental que os dados sejam tratados como um produto estratégico, reconhecendo sua importância para a operação e a tomada de decisões. Isso requer uma governança robusta, além de garantir a qualidade e a arquitetura dos dados, possibilitando insights em tempo real.

Por fim, é essencial que os bancos desenvolvam capacidades sólidas de MLOps (Machine Learning Operations) para permitir a experimentação contínua, a rápida implementação e o monitoramento rigoroso dos modelos de IA, garantindo sempre a conformidade regulatória e a ética. Paralelamente, é necessário capacitar líderes e equipes para que colaborem efetivamente com a IA, promovendo uma mentalidade de decisão aumentada pela tecnologia, em vez de vê-la como uma competição. Essa transformação cultural é fundamental para que os bancos possam aproveitar ao máximo as oportunidades que a inteligência artificial oferece.

A IA já demonstrou repetidamente sua capacidade de reduzir drasticamente a inadimplência, antecipar fraudes de forma muito mais eficaz, personalizar a experiência do cliente em um nível sem precedentes e expandir o acesso a crédito de maneira mais justa, inclusiva e lucrativa.

Sustentando e ampliando o valor da IA

A IA está transformando o setor bancário, aprimorando a eficiência, a segurança e a experiência do cliente, isso impulsiona uma mudança de paradigma no setor ao automatizar processos complexos, aprimorar a tomada de decisões e expandir o acesso a serviços financeiros. O êxito desta revolução tecnológica depende de uma implementação responsável, fundamentada em governança sólida, conformidade regulatória garantindo um ecossistema financeiro justo e seguro. A IA no setor bancário não representa apenas evolução tecnológica, mas uma redefinição completa do relacionamento entre instituições financeiras e seus clientes, pavimentando o caminho para um sistema bancário mais eficiente, inclusivo e inovador.

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