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Melhora da qualidade de crédito está perto do pico

O pico esperado pela agência, no entanto, não significa necessariamente que haverá uma reversão do movimento de melhora da qualidade do crédito, explica Goossens.

Depois de um dos semestres mais positivos para as empresas brasileiras em termos de melhora da qualidade de crédito, a agência de risco americana Moody's acredita que essa tendência possa estar próxima de um pico. Ao longo do ano, até setembro, a agência realizou 24 ações positivas para as companhias da América Latina, a maior parte delas para as empresas brasileiras (20) - incluindo dois graus de investimento para Braskem e Localiza -, contra apenas seis movimentos negativos na região.

"Essa foi a melhor performance vista desde o início da crise, em 2008", disse Filippe Goossens, vice-presidente sênior de crédito corporativo para América Latina da Moody's. O trimestre encerrado neste mês deve marcar o novo período consecutivo em que as ações positivas (definidas como elevação de rating, colocação em avaliação para possível elevação e adoção de perspectiva positiva) superaram as negativas.

O pico esperado pela agência, no entanto, não significa necessariamente que haverá uma reversão do movimento de melhora da qualidade do crédito, explica Goossens. Segundo ele, a expectativa é de que haja uma divisão entre os diversos setores da atividade econômica, com alguns respondendo melhor do que outros tanto por questões próprias das empresas, quanto por dificuldades impostas pelo agravamento da crise internacional, que vem mudando rapidamente, especialmente na Europa.

Entre os setores que podem sofrer certa pressão na perspectiva futura estão as indústrias básicas, como papel e celulose, siderurgia e mineração. Já entre os que devem manter o vigor estão os segmentos ligados ao consumo e também o setor de telecomunicação, diz a Moody's.

Na média, portanto, a perspectiva para a qualidade de crédito na América Latina é de estabilidade pelos próximos seis meses, diz o executivo. "Esperamos um desempenho mais balanceado, com alguns setores performando melhor do que outros. Esperamos certa estabilidade", conclui Goossens, autor do relatório "Latin American Corporate Credit Quality: Approaching a Peak?", da Moody's.

O executivo lembra ainda que, de maneira geral, as empresas da América Latina estão em melhores condições do que estavam em 2008, quando a crise se aprofundou após a quebra do banco americano Lehman Brothers. Segundo ele, isso fica claro quando se analisa tanto a flexibilidade financeira das companhias na região quanto o risco de refinanciamento das dívidas.

O destaque nesse longo período de melhora da qualidade de crédito para as grandes empresas da América Latina foi o Brasil. O desempenho das brasileiras, diz o executivo, reflete o processo de amadurecimento do país, com posição de liderança na região e ganhando cada vez mais espaço no cenário global.

Goossens diz ainda que outras duas empresas brasileiras estão em processo de revisão para possível elevação de suas notas de crédito (Gerdau e Cosan), com possibilidade de mais uma companhia local atingir o grau de investimento. (FT)

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