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Mercado já vê corte de juros de até 1 ponto
Maioria dos analistas prevê redução de 0,5 ponto na Selic esta semana, mas alguns especialistas dizem que corte pode ser maior por causa da crise
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne hoje e amanhã para decidir a nova taxa básica de juros (Selic), hoje em 12% ao ano. O mercado aposta em mais um corte de 0,5 ponto porcentual, como está expresso na pesquisa Focus, feita pelo Banco Central com analistas financeiros, e nas apostas de juros no mercado futuro.
Mas, diante dos dados da semana passada mostrando atividade econômica mais fraca do que se antecipava e do pior cenário externo - com aumento das preocupações com a China -, apostas em cortes maiores começam a aparecer. E até quem prevê redução de 0,5 ponto reconhece que há chances de o BC ser mais agressivo.
Bancos como o Credit Suisse, o RBS e o Itaú Unibanco estão prevendo um corte maior que a maior parte do mercado, a despeito do Copom ter dito que faria ajustes "moderados" no juro. Os dois primeiros esperam corte de 1 ponto porcentual, o que levaria a Selic para 11% ao ano.
O Itaú Unibanco espera redução de 0,75 ponto porcentual. "Reconhecemos a sinalização (do BC), mas isso não exclui passos mais rápidos, considerando o enfraquecimento da atividade doméstica no terceiro trimestre", avalia a instituição. "A demanda em desaceleração provocará um profundo ajuste monetário, levando a taxa de juros abaixo de 9% em meados de 2012."
Varejo. Para Marcelo Gazzano, economista do RBS Global, dados como o da queda de 0,4% das vendas do varejo em agosto reforçam a aposta em um corte maior dos juros. Ele reconhece que as sinalizações do BC sobre ajustes "moderados" apontariam para mais um corte de 0,5 ponto, mas os números mostrando uma economia em desaceleração e a entrada da China no radar das preocupações sustentariam um redução maior. "O BC pode dizer que o cenário externo piorou e que internamente houve desaceleração mais intensa do que se esperava."
O economista da consultoria Rosemberg Associados Rafael Bistafa aposta em corte de 0,5 ponto porcentual, mas reconhece um aumento no risco de um ajuste maior. "A probabilidade de um corte maior aumentou por causa dos dados de atividade, como o IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do BC), vendas do varejo e da indústria."
Mas ele explicou que, se o Copom agir diferentemente do sinalizado nos seus documentos e nos discursos do presidente Alexandre Tombini, vai criar problemas na relação com o mercado, que tem criticado a comunicação da autoridade monetária. Ele diz que o BC pecou na última reunião ao surpreender o mercado com um corte na Selic.
O economista do Banco Cooperativo Sicredi Alexandre Barbosa diz que o BC sinalizou 0,5 ponto de corte e, apesar de os dados recentes poderem servir de pretexto, uma redução maior prejudicaria as expectativas. "Será o segundo erro de comunicação em pouco tempo."
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